O meu contributo para o magnifico projecto do Cake Beats, com uma história linda, deixo-vos aqui o conto escrito pela Marta Avillez:

- Acreditas?
Era inevitável a pergunta. Todas a fazemos. Há uma altura em que começamos a deixar de acreditar. A forma como o descobrimos difere, mas há um dia em que a pergunta surge: Acreditas?
-Sim, acredito.
- Mas, porque acreditas tu? Dizem que não é verdade!
Galgavam a floresta rápido, passavam pinheiros tão densos, mas tão densos, que dificilmente algum dia o sol ali tinha entrado. Já andavam há mais de uma hora, e ele estava cansado… mas ela tinha prometido que o iam ver. Ele não sabia se acreditava… tinha dúvidas, mas ela sempre lhe tinha garantido que era verdade.
Subiam um pouco, agora. E ele insistia:
- Na minha escola dizem que não, que não existe. Como é que tu ainda podes acreditar? Já o viste, alguma vez? Não falo daqueles do supermercado, falo mesmo dele… já o viste?
- Já! Já te disse que sim!
Ela não costumava mentir. Mas ele não sabia como lhe explicar que ela não o podia ter visto, que era imaginação, talvez sonhasse…
- E viste, quando estavas acordada?
- A dormir é que não foi… daaahhhh!
E continuavam por entre os abetos. Nesta altura, já com vergonha de tanto insistir e não querendo “bater mais no ceguinho” ele ia tomando atenção aos passos e ao barulho dos pequenos ramos e folhas que estalavam e da neve que se comprimia debaixo das botas que levavam calçadas e que lhes permitiam os pés quentinhos no meio de tanta neve.
A lua acompanhava-os e dava-lhe luz, estava cheia o que lhes facilitava a caminhada. Não se ouviam grandes barulhos. Era mesmo longe, como ela lhe tinha dito.
- Já estamos quase!
Mais um pouco e ela parou. Virou-se para ele com grande convicção e disse-lhe:
- Agora vais olhar com olhos de ver. Quando chegares perto daquela árvore, olhas para o lago. E se acreditares, vês. O segredo é este: só quem acredita pode ver a Magia do Natal.
Ele subiu, abriu muitos os olhos e de espanto quase lhe caiu o queixo.
Levou a mão à boca sem saber o que dizer. Acreditou e viu.